sexta-feira, 12 de agosto de 2022

O chacoalhar dos sinos

 



Mais uma badalada e seu coração irá se espalhar. Por onde anda a garota dos cabelos avermelhados? Por onde passam teus pés neste exato instante e como está sua aura descompassada? 


Certamente colhe amoras pelos campos, corre pelas florestas que a encantam. Ou, talvez, esteja ajeitando os ponteiros do relógio para que saiba o tempo exato de cada atividade programada. Isto porque ela é ouro que não se desfaz.


A alvorada resplandece e sua voz firma seus encantos. Quando fora mesmo que a batida em seu peito encontrou tão sincero som? E é por isso que não consegue segurar a inspiração, a alegria, a emoção de sentir por ela todo um montante de sensações inaugurais e todas as descobertas significantes, que chegam em um lampejo.


Tudo é novo e belo, tudo é cor, fantasia, chamas e voos longes, sem passos pequenos. A deseja sem mais, sem qualquer intenção enganosa ou falsas palavras. A quer até o infinito, nas juras e nas brasas da revolta que habita sua alma; nos suspiros ansiosos e na revoada dos pássaros.


Sinos badalam. Ela está na praça. O relógio continua a correr e ela bebe a sua cerveja em um só gole. É do encontro com ele que foge, é da janela que sonha em se aproximar. Essa felicidade já lhe é conhecida, vem do passado, do outrora no qual seus lábios se tocaram e o adeus foi profano. 


Silêncio, silêncio, silêncio. É preciso abrir os olhos e despertar para o real caminho que irá seguir. A dor no peito regressa e a garganta fecha. Isto é sinal de que o ciclo voltou para o ponto primevo. Agora é esperar pelo sacrossanto gesto derradeiro da sorte. Até que enfim. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário