quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Wie ein Schmetterling



Quantos dias enclausurados terá de viver, antes de ver seu sorriso brilhar diante dos seus olhos? Quantos disparos o coração irá promover, até que seja verdade a história imaginada? Os meses escorrem e a sentença parece certeira: é ilusão, os sinos não tocam, é pura fantasia em véspera de desencontro. Em cada despertar, reconhece que possui somente perguntas. A distância é tão palpável que quase desiste de tentar, pelo menos, procurar algum horizonte possível.

Contudo, o fato é que escutou a canção ressoar e, mesmo com dúvidas, não quis negar a percepção de um momento tão rico de emoções. Foi um lampejo de sonho ou uma esperança no ar. Agora, o equilíbrio da ventania bate nas portas incendiadas. Seria ela a paixão desmedida nas cartas anunciada? Seria o início de um júbilo proclamado, finalmente? 

Depois de tantas tormentas, é sufocante acreditar que encontrou o fim da torre inalcançável, o descarte da tormenta angustiante, que era essa espera por uma figura incerta. No entanto, a busca implacável pode ter sido em vão, já que o silêncio se faz permanente. Neste desprezar recorrente, respira fundo e tenta encontrar uma saída realista para superar o que não é, porém poderia ter sido. 

Não há mais o que desaguar nesta escrita vacilante, somente, ao certo, frases repetidas e confusas. Elas rimam com estas emoções oscilantes, previstas naquela tarde iluminada. Por isso, tenta buscar uma esperança diáfana de que os olhos se encontrem, que diga sim, que revele qualquer tipo de correspondência. Precisa se banhar nas águas salgadas, para que a serenidade de não ouvir uma resposta significativa se estabeleça, pois este tormento tolo já está tão irremediável quanto a sua insistência em enxergar um brilho que pode nem haver.

No sortilégio das horas, deita-se apavorada. Aguarda, quase como uma sentinela. Envolvida nos clichês, nas memórias de ocorrências pontuais, controla-se para que a ansiedade não domine. No sopro eterno das giradas do Universo, somente ela pode resolver este enigma, que não tem ideia de como manejar. Só precisa, tão somente, que neste lampejo de chances esvaziadas, não perca a revoada da sorte. 

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