sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Quando a fada se afogou em fantasias



Não enxerga sentido para este sentimento tolo não correspondido. Não compreende como seus batimentos podem acelerar ou a respiração falhar diante de uma situação profundamente absurda. Quando seus olhos passaram a emitir significados tão apaixonantes? Quando o ritmo da sua voz começou a comandar as batidas do seu coração? Todas as respostas para estas perguntas são inúteis, porque a sua escrita está condenada a ser estúpida, assim como os seus sentimentos.

A única questão que possui sentença certeira é aquela que versa sobre a impossibilidade do encontro, sobre a fantasia tripudiada pelos companheiros de jornada, pela tontura que a arrebata quando é hora de dizer adeus e somente ela sabe o quão é torturante o distanciamento. Porque chegam em sua mente as suas expressões, seus gestos, suas gírias, seu sorriso e suspira, boba em demasia. Se todas as canções tocam porque assim deseja, agora é hora de ver a aura incendiar de desejo sem que ao menos queira.

Quando escapou de seu horizonte a decisão sobre suas emoções? O passo estava firme para finalizar a missão tortuosa e seguir rumo ao destino tão desejado. Agora, nem lembra mais por qual motivo começou a trilhar aquele caminho e tudo soa como ilusão. As decisões estavam postas, jamais deixaria que a música incessante dos pássaros a distraísse de seus propósitos. No entanto, se vê perdida em pensamentos inúteis sobre as tonalidades das roupas que traja ou como sua voz preenche o espaço e tudo já é feliz e coberto de cores cintilantes, apenas por estas razões.

Atropelada por estes devaneios recorrentes, segura-se firme na recordação dos seus desejos primevos, na lembrança do real objetivo para estar ocupando aquele lugar, vivendo aquela experiência. Foi para fomentar conhecimento, não foi? Foi para apontar para o topo da alvorada e seguir, desacompanhada, rumo ao destino sonhado. Então, por qual razão sua mente insiste em trafegar por imagens de sua fisionomia reluzente e cheia de energia flamejante? ´

Sim, talvez saiba a razão. É porque ela é candência pura e cristalina. Ela é o sol que irradia toda a potencialidade do Universo. Em sua aparente acidez, há uma insistente revoada de espontaneidade e de sutilezas, que encanta e derruba de enamoramento os desavisados. Ela é véspera de céu incendiado, é uma explosão progressiva de emoções plurais, que quase hipnotiza. Está tudo ali, basta observar, atentamente, ainda que na distância cruel.

E são por estas razões que agora tenta respirar suavemente, sem que o sangue corra velozmente e confunda os seus propósitos. Ao final da escrita, há pouca coesão, é bem verdade, mas resta uma compreensão de como precisa prosseguir. É uma saída triste, porém a única existente. É necessário eliminar tais percepções, tal flagelo que é estar conquistada por uma paixão impossível. 

Que a fuga seja concretizada, enfim.

Nenhum comentário:

Postar um comentário