domingo, 30 de maio de 2021

Passarinho

 Era primavera. Ébria e confusa, custava a entender quais eram os próximos passos para sua jornada. Então, decidiu partir para a aventura mais insana que já viveu. Entre abraços e sorrisos, acabou por se encontrar ao lado de uma paixão inesperada. 

Demorou para perceber o que estava para acontecer, até que seus olhares se encontraram e a festa se fez em seu coração. Depois, não conseguiu mais escapar daquele sentimento. 

Como se desfazer de uma sensação tão forte e rubra? Como recontar os dias, agora, em seu castelo de solidão? 

É bem verdade que tentou trancafiar essa história no baú mais profundo e enterrá-lo para todo sempre. No entanto, o guardou dentro do coração e ele insiste em emergir, quando os sinos tocam e a noite não cessa. 




Cada instante daquela madrugada de celebração persegue seus dias e as fantasias sobre o que poderia ter sido continuam a ressoar na mente e na pele. 

Se não há mais retorno ou solução, por que seguir com os pensamentos nesta canção abandonada? Se não existem mais chances, por que não esquece de uma vez qualquer recordação do seu beijo? 

Não existe resposta aqui, somente a espera e o tempo. Somente o aguardo das novidades do destino. Ou, tão somente, a resignação e a compreensão de que as respostas já existem e ela apenas precisa respirar fundo e soltar de vez qualquer migalha de esperança de um horizonte resplandescente. Contudo, há muito por vir. 

Ainda que a noite fria e cheia de embriaguez reste somente na memória, ela existiu. Aquele momento será sempre eterno e o manterá cravado na alma até o derradeiro suspiro. Por fim, pode voltar para a sua negação costumeira, fingindo que o sol já se pôs e agora é a hora da alvorada cintilante. 


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