segunda-feira, 5 de abril de 2021

Quando a fada escutou o vento

Lembro do seu olhar profundo e como seu rosto se tornou fixo em minha memória. Recordo de cada expressão quando nosso encontro aconteceu pela primeira vez. A surpresa fora tanta que as armaduras ruíram e fiquei perdida, neste encantamento revelador. Dali em diante, mirar o céu era como se estivesse ao seu lado. A sua voz embalava meus sonhos e as promessas eram profícuas. 

Não sei ao certo quando seu sorriso se desfez e nossos caminhos não mais se encontraram. Naquelas noites de outubro, deixamos que as dúvidas contaminassem nossos passos e a distância fosse cada vez mais intensa. Após o rompimento dos laços, cada lembrança era como fogo que ardia a pele. A cada minuto de abandono, o silêncio crescia e a certeza da despedida também. 

Contudo, fomos enganadas pelo destino, não foi? Quando tudo resetou e o Universo te trouxe de volta, as ações foram impossíveis. O mundo já era outro e seus braços não estavam mais presos aos meus. Mas, o retorno ocorreu. Ou tudo é confusão, confissão e poesia. Mas, já não importa. De alguma maneira, você permaneceu.

Hoje, os sinos tocaram novamente e foram por ti. Hoje, uma espécie de resgate foi possibilitado por um mago do destino, que se aproximou e soletrou as palavras que tanto desejei ouvir, lá, no outrora despedaçado. No entanto, não sei bem o que será de nós, do futuro ou do tempo. Tão pouco, se irei aguardar o final da resolução deste mistério. 




O que fica, aqui, é a absoluta convicção de que o antes foi acertado, que o seu sorriso foi sincero, que o som dos pássaros - naquele amanhecer insano - cantaram e eu já sabia que eu precisava daquele encontro. Ali, naquela cidade fria. Ali, sem querer partir jamais. Ali, onde pude enxergar um afeto tão sincero se construindo.

O resto é pó e toda uma estrada ainda para seguir.

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