sexta-feira, 23 de abril de 2021

O deleite do encontro anunciado no outrora

 Era para ser desde o princípio. Naquela noite, sua voz invadiu seus pensamentos e seu coração. Entre um trago e outro, o olhar e o sorriso cativavam e houve uma espécie de certeza interna. Ao se encaminhar para ir embora, ainda olhou para trás, com o desejo de permanecer. Depois, veio todo o vendaval que continua tentando superar a cada dia. Existiu também o afastamento compulsório e a pausa para o que viria em seguida. Quando os gritos da madrugada cessaram e a liberdade, finalmente, chegou, decidiu como quis os próximos passos.

É difícil encontrar metáforas para o óbvio e sentenças diretas para o inexplicável. Quando, enfim, o reencontro aconteceu, de fato, as sensações eram tão mistas e as emoções estavam tão afloradas, que houve uma explosão de sentimentos. E tentou se segurar onde podia: nos afazeres cotidianos, no sarcasmo protetor, na fuga sem dimensão. A cada banho de realidade, mais certezas, menos abandono e mais coragem de olhar de frente e dizer sim para qualquer pergunta ou chance.






E foi porque disse sim, porque se despiu do medo e das dúvidas que enxergou seus olhos com mais nitidez. Outra vez, sua voz invadiu seu coração. Este órgão estilhaçado e um tanto amargurado, é bem verdade, pulsou cintilante, relembrando como é bater sem temor. Assim, soltou todas as cordas, os atravessamentos, as incertezas e correu para sua direção. Então, queria respirar cada respiro seu, sentir todos os seus toques e nunca mais soltar. Entre um suspiro e outro, havia o entardecer cósmico, o entendimento profundo, o dia que virou noite e foi dia outra vez.

E agora? Entre as milhares de possibilidades do destino, não seleciona nenhuma. Deixa que o sol bata na face e recorda de cada sensação. É sempre forte quando um beijo desequilibra os sentidos e reascende algo tão guardado. Quando é inesperado, é ainda mais doce. E doçura é o seu novo adjetivo preferido, porque a faz lembrar da canção mais melódica, suave e intensa que já escutou. Então, que ressoe em cada milímetro de sua pele e não cesse. Até que não possa mais, até o para sempre ou o nunca mais, até que os pássaros encontrem o caminho de volta. O até não importa. O hoje sim. 

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