Ele. Ele dizia que era prosa e eu verso. Ele dizia que era poesia
sempre e eu discordava. Ele era grito e eu ventania. Ele era coberto pelas
palhas mais sagradas que este Universo já viu e eu era nada. Eu era pó e
cinzas.
Ele teria me resgatado, não é mesmo? Porque suas palavras cabiam no mundo e eu sou apenas o resto que um dia ele transformou em linhas versadas.
Ele teria me resgatado, não é mesmo? Porque suas palavras cabiam no mundo e eu sou apenas o resto que um dia ele transformou em linhas versadas.
Ele era tudo e eu sou apenas um
pouco mais do final de festa que ele nunca viu. E nunca verá. Porque este mês
infindável é sobre isso. Ou não. Ou é sobre um caos que ele jamais veria. É
sobre a busca que ele jamais encontraria. É sobre as canções que nunca
entoariam para ele. É porque ele foi enterrado quando clamou que não.
Ela se lembra bem, não é mesmo?
Com seus pés descalços fez de seus prantos fantasia. Buscou o que era
impossível e ninguém traria. É inevitável. Ninguém será ele. Por mais que faça
o que puder, escreverá sobre o inegável, fugirá das certezas. Ele era único e
ela é somente poeira e incerteza.