Tudo muda. Os ponteiros dos relógios mundiais voltam a correr
velozmente. Os ciclos são interrompidos. Uma nova era se aproxima. Os dias
cinzentos mesclam-se com uma dose tímida de vermelhidão.
Os pés se arrastam em
direção do novo horizonte. As horas voltam a passar. Acorda do sonho. Da
fantasia de quem foi.
Todos os planos. Todas as certezas.
Derrubadas. Arrancadas. Demolidas. Para um recomeço.
Pintam-se novas auras.
Novas ideias, pensamentos, vontades. Os desejos transfiguram-se. Reluzentes.
Candentes. E os tolos se apressam. Tentam enxergar um pouco mais do que virá.
Porém, nessa estrada, ainda jovem, tudo é turvo.
Poeira cósmica. Névoa. A ventania é o único guia. E a solidão preenche as noites. A agitação cobre os dias.
Trancafiando as mágoas. O outrora. As luzes. Os cálices. As tempestades. Ainda
assim, cobrindo-se de luz. De chamas intensas de júbilo.
O rio corre. O amanhã permanece oculto. As
lágrimas escorrem. O sangue congela. E o fim se apaga. E ressurge. E se apaga.
Eternamente. Até o último suspiro. Até.