
Um
dia foi e já não mais é. Um dia quis o que agora não mais quer. Enfim veio a chama
necessária para recriar mundos ainda não habitados. Há apenas uma vontade. A da escrita tola
que mora em seus delírios recorrentes.
Então veio a lágrima cobrir a face já
preenchida pela chuva que caia no rosto gélido e um coração sangrento que lutava
contra a correnteza. O vento volta cheio de impunidade. Sim. Até a ventania vem
cobrar a sua parte. Pois escolheu a verdade e queimou-se com a mentira.
O silêncio se acaba e transforma-se em
grito de fim de tarde. O reluzir da espada brilha em seus olhos transfigurados.
As horas dilaceram os pedidos e a fumaça preenche novamente sua alma. O tempo e
a solidão fazem as pazes. As angústias cobrem o peito alimentado pelos revoltos
mares afogados no pranto da madrugada incendiada.
Não deseja mais correr em direção do
abismo e sim evitá-lo. Junta todas as forças entregues pela ventania. Apaga os
espasmos de rancor e dúvida. Sepulta abismos. Deleta o abandono. Sofre e deseja
o melhor.
Sorri junto com os suspiros apaixonados, estes agora ainda mais
inflamados. As palavras e as sentenças. Os segredos mais sagrados. A face rubra
sutilmente transformada em pecado. O fim do começo para que haja espaço para o
recomeço.
As melodias destruídas uma a uma, num
rodopio alucinante, rasgam qualquer corrente ainda presente, porém
despercebida. É o caos. É a mágoa. É um pouco de dor para que venham as
gargalhadas. É a dúvida se a inspiração falhará. É tudo aquilo trancafiado por
uma chave que desconhece o código para que finalmente possa habitar seu mundo
dos sonhos outra vez. É a respiração que volta a ser como sempre foi.
Pois é no poço da solidão que a magia se
faz presente. Pois já estava na hora de retornar para a realidade que arde e
queima a face. Pois tudo que um dia começou alguma hora acaba ou muda ou já não
pertence aos novos dias que virão. Afinal, o horizonte precisa ser alcançado,
juntamente com o júbilo de ter o silêncio presente eternamente. Até que venham
as lágrimas recorrentes.
Mais suspiros e um
pouco de festa. Mais suspiros e um pouco das palavras que tanto esperou ler.
Mais e mais, até descobrir qual o melhor caminho para a sua estrada.
O conhecimento. A paixão. Os compromissos.
Um pouco de tudo e mais festas. E as horas petrificadas que se escorrem e se
perdem no infinito contar dos minutos.
São os segundos finais que valem a pena.
São as declarações repletas de sinceridade. São os engasgos expostos. São os
olhos que juram junto com os segredos sagrados. É um pouco de tudo e de nada.
É a correnteza que afoga sem pressa. São as mãos entrelaçadas. Sim. Por mais
que digam não. São as juras e pactos que sustentam aquilo que disse e sempre
dirá.
E que arda de uma vez só. E que venham
todas as consequências. E que saiba que tudo ainda é o som depois do sim.
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