Já é hora de escrever
novamente. Os sinos não param de tocar e quando menos se espera os fantasmas
surgem outra vez. Talvez para corromper os disparos singelos de sua alma
aprisionada em requisitos inúteis, em mergulhos profanos, em tardias certezas e
desenganos.
Sim. As horas
escorriam sem ao menos se dar conta. Sim, um sorriso sincero destrói os prantos
de outrora. Agora já não mais interessa coisa alguma. É o momento de renovação.
Para que mais um ciclo se complete. Para que a jornada faça sentido.
Por isso precisa negar
impulsos, sentenças pré-estabelecidas, relutâncias, olhares que mentem.
Quando apagava as
lembranças, as sinfonias tocaram uníssonas no mesmo instante. Uma rajada de luz
cobriu os olhos, o verde esmeralda apagou qualquer dúvida, a espada púrpura que
arrancava de seu coração desapareceu, as torres que desabavam em sua direção
viraram neblina e os sinos que tocavam pararam.
Isso para a
purificação. Isso para que o ano novo que se aproxima chegue rapidamente. Seu novo e simples recomeço.
O tempo já foi
injetado na pele, o cinza já cobriu todo horizonte, menos o seu. Pois dentro
deste universo sem nexo, um pedido único e derradeiro foi realizado. E não há
mais espera. Relutância. Suplício. Segregação. Secretos sonhos ilusórios.
Acabam-se as promessas
inoportunas, as mentiras sussurradas, as respostas imploradas, jamais
escutadas, aquela valsa que insistia em tocar.
.
É tudo cristalinamente
puro, recriado, renovado. E os desejos já são outros e apenas a
concupiscência é fiel. E esta preenche cada respiração ofegante, cada passo
deslizante de uma madrugada finita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário