
No entanto, se a jornada pode ser reconfigurada, a candente sensação será transformada e todos os fatos irão caminhar tranquilamente outra vez. Um dia decidiu apagar todos os rascunhos rabiscados, caminhou para o futuro, abriu os olhos e já não era mais a mesma. Sorriu e tinha convicção de que todas as próximas palavras seriam apenas suas. Ainda que esperem outras ações, não pôde seguir as regras.
Depois, aceitou o novo desafio que surgiria apenas da sua mente em devaneios recorrentes. Sem mais pensar em consequências, em corações entrelaçados, naquele outrora muito distante e complicado, nas varandas nas quais as luzes já se apagaram. Aceitou o destino.
Determinada, abraçou novamente o vento. Recusou pedidos tardios. Esqueceu as faces cobertas de mentiras. Declarou guerra aos próprios sentimentos, guardados, num passado tão antigo que apenas lhe restou pedaços de memórias.
O toque do tempo, as horas antes e depois de uma decisão, os derradeiros minutos que precedem o último pulo num abismo sem volta. Contudo, sua alma, sua pele, seu corpo inteiro clamam por renovação. Queimam-se todas as melancolias, as lágrimas secas e até mesmo a paciência grudada em sua aura.
Chega de escrever, de procurar uma resposta para um silêncio que nunca se finda, de se perguntar a razão para todos os segredos escondidos. Não há mais motivo algum para negar a felicidade, para conhecer o novo ou para guardar vontades e temer desejos. Ainda que sejam profanos ou até mesmo desenganos. É preciso pular, é preciso mudar a estação, cobrir-se de ventania, queimar todos os escárnios na fogueira mais cruel.
Em seguida, logo após a decisão, as páginas se viram depressa. A respiração torna-se ofegante. O coração cura-se. E deixa que a concupiscência seja sua dona outra vez.