quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Caminhos


 Sente outra vez o toque da madrugada. Os sinos tocam a mesma canção. A lua brilha como nunca antes. A fumaça desvanece a cada sopro. Constante. Incessante. Vibrante. O mesmo tempo, a mesma estação, os mesmo segundos corridos. Igual. Outra. As memórias escapam. As sensações transfiguram-se e já sabe que as horas agora deslizam descompassadas.

 A ventania purifica o coração insensato. Agora jaz na neblina das dúvidas. Não sobre o sentir e sim do que fazer. Há também o novo que se dissipa entre a bruma do silêncio da mente. Um punhal candente cerca a alma de faíscas puras de questões incertas.

 Ainda que soubesse tudo, não sabia coisa alguma. Entre os espasmos dolorosos de um coração ensanguentado de tormentas, as impuras sensações adormeceram e busca a paz tão desejada. Agora sua luz esverdeada de fada volta a brilhar. E a vida intensa de trabalhos recorrentes expurga qualquer mazela fincada em sua pele.

 O amanhecer traz novas respostas. O semblante muda. A determinação preenche o peito flamejante de vontades e esquece qualquer medo do erro. De longe vê que os corvos ainda rodam, que as noites efusivas deixaram rastros, que nada se apagou. Porém, tudo isso já não importa. Depois é chegada a hora de despertar.

E ocorreu a resposta da espera. Aquela da eterna chama que não se apaga. A voz. Os olhares. As mãos que aquecem. A respiração suave. A doçura amarga. A verdade sincera. O céu torna-se límpido e claro. A tempestade se finda. Respira. Suspira. E continua e segue rumo ao que o destino trouxer. Sem detalhes da próxima esquina, do próximo passo. Apenas um longo horizonte, no qual as respostas ainda virão.

 A partida é selada. E enxerga. Percebe. Reconhece. O vazio não se instala, muito menos o desespero. Somente o doce gosto do reencontro. Esse se alastra. As horas voltam a correr, a vida continua a surpreender e a espera é a mesma e sempre será.

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