Sua vida estampada na vitrine. Sim. Agora deixa o último
rastro. Porque é necessário explicar. Pois já descobriu o verso final para a
segunda melodia. Agora retoma a primeira, para que este caos cesse. Para que não
reste nenhuma dúvida. Para que os escritos impressos não sejam mal entendidos.
Silêncio. Respira e pensa qual será o próximo passo.
A verdade. Sentiu toda a trajetória. Confusa, alegre,
candente, forte, engrandecedora, repleta e banhada pela maior concupiscência de
todas. Doce e amargo se misturavam numa dança eterna. Giros e mais giros. Um
pouco de fel e, logo depois, sorrisos intermináveis.
O fim veio na hora certa. Sabe disso. Seu coração já estava
em descompasso. Na verdade, os dois lados se perdiam em novas paixões. Não
existia mais página para escrever naquela história. Talvez a juventude tola de uma
tenha destruído a possível aproximação. Já não recorda o que afastou suas
realidades.
As horas passaram. O tempo. Então quis, verdadeiramente, não
perder sua presença. Determinada sim, mas deveria ter enxergado os males dessa
característica. Que a persegue em cada aurora, em cada gesto, em cada decisão.
Os nomes vieram. Sim, a fada também sabe das marcas em flamas que foram
marcadas na última página desta narrativa. Feitas, por aquela que viu o
amor cedo. Chegaram.
O pior é esse vai e vem. Esse sim é enojante,
podre, contaminado. Algum corvo venenoso que leva e trás informações. Já não
sabe qual companheiro de jornada trouxe tantas sentenças mal ditas. Cruel ou
não, este foi o fim. Contudo, o mais importante relatar é que não deixou de
viver. De sentir. De seguir o que aprendeu e acreditou com toda força de sua
alma.
E não quis recomeçar. E não
fingiu amizade alguma. Para ela era o melhor caminho. Ainda que fosse impossível, havia um resquício de crença no mais perfeito companheirismo
possível. O mais leal e sincero. Um afeto singelo que restaria. Depois,
esqueceu esse sonho e seguiu.
Agora quer que entendam. Nenhuma palavra ruim será para a
deusa. Não. Não é. Se lessem com cuidado. Se prestassem um pouco mais de
atenção. Depois da mágoa de escutar tantas injúrias. Depois de uma tempestade
de incertezas... Os mares se acalmaram e nada fará que volte atrás. Nada.
Porque não há razão alguma para que rejeite ou tenha raiva. Não existe. Não
mais. Entregou seu destino aos dias. Soube aquecer seu coração. Experimentou um
pouco das confusões ébrias.
Restam, no final das contas, as boas recordações, os
conselhos, a honesta pulsação de corpos. Somente isto. E sim, por mais que não
queira entender, abençoa seus novos passos. Sorri enquanto olha para a lua, pois sabe de toda a
sinceridade que mora em sua pele. Feliz. Todos nós. Então, como a outra diria,
caminhemos. E agradece. E se cala.
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