Fumar, beber, se entorpecer. Buscar uma saída, uma solução
para uma vida menos entediante. Correr, enlouquecer, viver aventuras
irracionais, somente para experimentar um pouco de caos, uma loucura momentânea.
E tudo isso passa. Toda esta maresia e essa ventania. Toda a angústia que seca
a aura e dilacera a mente em devaneios. Eles podem ser sim conscientes, porém
insensatos, pensados, relatados, vivenciados. Positivos ou não. Relevantes ou
não.
Os fatos existem e a madrugada parece eterna e a fumaça
preenche o peito enfermo. São tantos caminhos, escolhas, referenciais,
cobranças. Mais um pouco de desespero para descobrir o amanhã e nada dará
certo. É preciso ter calma. É preciso não planejar.
As expectativas insistem em permanecer no subconsciente. Incertezas
reais e um pouco de mágoa. O sabor é inigualável. É fel banhando no doce néctar
de seu veneno. Depois sorri quase forçado para provar para si que pode
encontrar o tão tolo júbilo. Aquele exclamado por quem um dia amou ou ama.
Aquela translúcida sensação de que o melhor está por vir ou reside em sua
existência.
Essas abomináveis certezas rodam cada amanhecer que tarda em
chegar. Não é meramente uma ilusão. Essa é a questão. Em algo ou em algum lugar
a tão desejável questão está prestes a ser resolvida. Talvez no final de algum
arco-íris. Ou tudo isto é uma grande bobagem? São tantos círculos, tantos
remédios, tantas escapatórias, tantas que se tornaram invisíveis.
Depois se cobre de lembranças e tenta refazer seu caminho.
Retorna para o passado e, em alguns momentos, há uma esperança. Reconstruir
sentimentos. Viver e reviver. E não tentar mais nada além disso. Ponto.