Ela vai escrever sim sobre suas raízes, sobre as cores que a cercam, sobre dias de luz ou de caos incessante. Ela vai recordar do seu sorriso e proclamar para o destino sobre o reencontro. Mas, quem seria dessa vez? Sem nomear a sua canção de outrora ou a de agora, revela pouco para que possa respirar com mais cautela. Ela que é filha do vento, das águas e dos céus, reclama de guardar segredos cobertos com um véu.
Por que parar agora de prosseguir com o seu despudor, se tudo que sonha é cavalgar em sua direção e ressucitar os versos dessa paixão desmedida? Porque sabe que quando pisar nos solos sagrados, sua alma brilhará lancinante e sem gota alguma de horizonte nefasto. Quando as janelas se abrirem e vislumbrar aquele sol radiante, a sua gargalhada será tão profunda, que nenhuma rima poderá abarcar o que habita seu coração.
No fundo da memória, a música do príncipe galanteador ressoa. Nas suas células, a sobrevivência aos males do retorno, vibram cantantes e fagueiras. Afinal, como poderia ser diferente? Escutou os sinos, os pássaros e viu a praça rosada, com flores que cobriam os pés. Ela viu toda a repetição desconexa do destino, que a esperava de braços abertos e um gole quente de café. Depois, nada inútil fazia mais sentido. A fumaça se acabou, a tristeza e o pranto secaram, ela era inteira ali, coberta pelo toque do seu silêncio.
É de ocupar o seu lugar no mundo que está falando. É sobre nada mais importar do que aquele chão de pedra, gelado e cheio de esverdeado de outras eras. É sobre resgatar cada tempestade perdida, para que possa abraçar vorazmente tudo que lhe pertence. Cada caminhada e brisa gélida serão suas. Ela é dona dessa estrada, que jamais irá abandonar novamente. Por isso que os retratos já estão descobertos, os ponteiros alinhados e a névoa desfeita.
Ruma em direção da jornada que lhe pertence. Flutua em novas escolhas para que ganhe a chance de viver com honra, o que foi escrito para ser conquistado por ela. A Imperatriz há de jorrar em flores os seus versos, construindo passo por passo a alvorada planejada na programação. Suspira e encara o quadro, o plano e o deslocamento. Guarda na aura o sussurro sobre sua luz. Ao cerrar os olhos, enxerga o mapa para o regresso.
Sim, é anunciada mais uma véspera de transformação.