quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Outro rumo da alvorada


Ela, que faz aflorar sentimentos loucos, trancafiados no findo do peito. Ela, que com despudor revela suas chagas sem temor. Ela, que não a enxergar senão nas falhas, em um bolo de gente qualquer, em uma sonata quebrada dos que perdem a sanidade muito cedo.

Ela sacode o seu coração sangrando em uma bandeja. Ela despreza tudo que representa, que conhece os atalhos para torturar sua alma, proteger sua sina, elevar seus pecados. Foi ela que ficou do outro lado da ponte e gargalhou porque o pulo jamais seria suficiente.

Mas, foi ela que resgatou suas asas no dia das trevas, no dia do pranto maior, quando quase se perdeu totalmente e para todo sempre. Foi ela que lhe deu luz e um destino que nem sabe que deu. Foi ela que a fez trocar de pele e compreender as sistemáticas de um sistema falho.

Agora, a pune. Lhe esquece. Não se importa. Não se recorda. Pois a outra sim. Porque houve uma aurora resplandescente, na qual a mirada era longa e as vozes ecoavam na madrugada. Isso não se tira. Isso não se termina. Isso se transforma e agora há de saber como lidar com o salto para a alvorada.

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