quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

12082022: Die fast vergessene Sehnsucht



O agora

Um dia, ela olhou para o espelho e decidiu todo o rumo da sua vida. Depois, seus sonhos ficaram guardados em um subconsciente torto, no qual ela já não conseguia mais acessar. Pelo menos por um tempo. Em seguida, em cada amanhecer, o rosto dela passou a desvanecer da sua memória. Mas, mesmo assim, a sensação deixada pelo encontro outonal persistia.

Ao seu redor, todos questionam esta paixão tola, que a acometeu surpreendentemente, mas que parece tão óbvia para seus amigos. Depois, lembra que a sua escrita em seu diário de confissões não deve ser mais para falar de flores que secaram com o inverno. Não, agora ela contempla de sua janela o oceano azul e o sol intenso de suas terras. No calor, em sua torre, cercada daqueles que a amam, tudo parece mais fácil e deglutível. 

Através da ausência de sua amada, estar longe se torna um exercício menos doloroso. A imperatriz dos girassóis jamais retornará. É por isso que decidiu seguir, tentando não olhar para trás. Alles ist verdammt und sie sucht nochmal der Frieden. Todavia, por onde começar a se libertar de uma imagem que preenche seus pensamentos a cada mudança de turno do dia?

É como se seu coração estivesse chamando por ela a todo momento: quando o sol nasce e quando ele parte, quando os olhos se fecham e se abrem, quando mira alguma coisa que a faz lembrar dos seus sorrisos e olhares. Contudo, as suas frases estão perdidas no meio dos campos floridos que ela deixou em sua aura. Porque o momento não é de devanear sobre ela e sim de transformar a sua jornada, criar novos sentidos para que outras caminhadas surjam. 

Mas, é difícil abandonar esta quase canção, que a confundiu e a deixou pensativa sobre suas ações. Talvez, a fada esteja subestimando a sua própria inteligência. Não seria a primeira vez. É recorrente que ela ignore a sua intuição e as suas interpretações  para que, lá na frente, descubra que já havia compreendido cada detalhe das pistas e sentenças que tinham sido dadas. 

No entanto, do que importa se suas teorias coincidem com a verdade? O girassol é feito de silêncio e, de certo, já esqueceu do seu nome, da sua face e de seus encontros. De fato, há uma briga em sua mente, na qual ela acaba decidindo por acreditar que o girassol não se importa com ela. É um tanto mais fácil crer nesta afirmação. Indiferente, a sua amada segue contente, rumo aos braços do seu companheiro perfeito, forte e atlético. 

Porque existem os fatos e os seus sonhos. Eles não coincidem. Então, é necessário que abra os olhos de vez, guarde os cartões, os bilhetes e os recados bem guardados e siga rumo em direção do novo. Se um dia ela encontrar as suas missivas confessionais, a fada espera que o girassol a compreenda. Se um dia seus destinos se cruzarem novamente, que a fada tenha forças para enfrentar os seus sentimentos escondidos e disfarçados. Se a sua fábula se concretizar em algum momento, que a sabedoria adquirida nesta nova fase jamais a abandone. 

Epílogo

No mais, a fada solicita para aquela que consome suas palavras que não continue fazendo isso. Do que adianta ficar correndo atrás de informações que já não mais procedem e aconteceram há tanto tempo? Em sua mente borbulhante, ela tenta decifrar quem a acompanha. Talvez seja a escudeira de seus pensamentos velados. Talvez seja a deusa destronada, que aparece para checar sobre os novos trajetos de seu coração. Talvez seja a borboleta - apesar desta opção ser bastante improvável. Mas, talvez sejam todas elas ou nenhuma delas. 

Não importa. O que é relevante é que já não sabe mais se continua a escrever, justamente porque está sendo lida. Veja bem, a fada sempre foi atormentada por canções insatisfeitas com a sua escrita. Mas, elas sempre se revelavam e, assim, tudo fazia sentido. Era apenas escrever e esquecer do seu diário, deixando ele bem longe da sua lembrança, em seu cotidiano. Recentemente, passou a se sentir rondada por essa dúvida e chegou a cogitar a encerrar as suas cartas para músicas que tocam sem avisar. 

Contudo, hoje, ela continua. Não há muito como saber do que ela está falando, a não ser que quem esteja lendo viva/tenha vivido as situações ao seu lado. Então, a fada se despede da cara leitora, com um desejo de que ela encontre o que está buscando em suas frases desconexas. Seja para a sua análise, sua curiosidade, nostalgia, seu gosto por coisas mal escritas ou qualquer outra razão, que encontre o que quer. 

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