Ela estava dormindo. Sonâmbula, perambulava pela vida, sem saber o
que de fato estava acontecendo.
Acordou, de repente, e todo o mundo perdido e
vazio despertou em seus olhos. Agora, a festa atropelou sua existência, junto
com os sonhos, com os destinos torpes e a voz que pede para seguir. A onda
violenta de paixões incendiou os seus passos e lutava para sobreviver ao
afogamento do cotidiano perfurado.
Há, muito obviamente, a lacuna
do infinito, deixado em lágrimas. Assim como a fumaça que havia se despedido e
agora retorna para cobrar sua presença. Mas, a verdade é que não deseja mais
ser a menina da varanda. Não é mais menina. Faz tempo. Procurou tanto se
encontrar, para apenas perceber o quão longe queria estar.
Queria poder fugir no
amanhecer. Para outros destinos. Outras fantasias. Outras partilhas. Porém,
quer seguir nos rumos conquistados. Aquilo que é tão seu e absoluto. A Rainha
rubra que corre enquanto o vento devasta todo o caminho de quem a cruza. Deseja
possuir o que habita em sua mente somente, mas já não sabe qual é a resposta
correta.
Quando se tornou dúvida? Sabe
aquela que criticava? Talvez não. Contudo, se procurar lá no passado não tão
longínquo é possível desvendar as peças necessárias para finalizar esta canção.
Ou silenciar os versos amargurados. Mas, não é sobre melancolia, solidão ou
amargor. Nunca deveria ter sido. E foi até não poder mais. Até que abriu o
coração petrificado e buscou moldar cada pedaço seu para entregar para ela toda sua
felicidade.
Sabe quando negou o caos? Logo
depois disse sim. Depois não e foi sim novamente. Nessa certeza, engoliu todas
as suas verdades e virou outra. No despertar, realizou que sua face real já
tinha resquício do outrora rasgado. Ela veio e deixou um pouco de seu fel em
sua pele. Por isso, já não sabe. Por isso, quer queimar todas as sílabas e
frases que passam por sua mente. Porque as recordações cravadas na aura lutam
para lhe contar que não pode mais seguir.
O retorno das sinfonias
proclamam as sinceras sentenças. Não pode. Nunca poderá. No entanto, precisa
escolher. E que escolha e faça o que for para se feito. Até o fim. Até o último
suspiro cravado com seu nome.