Quando tudo é gritaria. Quando tudo é ventania. Seus ouvidos buscam um
pouco de paz. Então vem a sensação de nostalgia. Se seu mundo era preenchido
de cores e emoções, tudo se fez ruído. Se sem som poderia escutar melhor, agora
nada faz mais sentido.
Não que pudesse viver na mudez de
seu cotidiano. Não. Isso já não é mais possível. Isso não se encaixa na balbúrdia
que é seu coração. Porém, sempre há um porém quando se fala do silenciar da
eternidade. Porém, se pudesse respirar novamente as tardes de aventura, o doce
gosto de momentos eternos, os clamores e atitudes apaixonadas, iria sem pestanejar.
Ainda assim, sabe. Eram tantos rompantes que sua aura
cansada não podia oferecer a atenção necessária. Eram muitas canções, eram muitas
sensações e toneladas de juventude. Era (e ainda é) um nó na garganta. Uma
dúvida. Um adeus constante. Uma súplica. Um pedido. Apenas mais um. E outro.
Outra face. Outros beijos e sorrisos. Respira. Segurando as lágrimas. Tentando
encontrar a lucidez. Tentando encontrar a calma ou uma solução.
Os planos. Recorda. Eram infinitos.
Era muito para sua cabeça de menina. E ainda são. Por isso mesmo que não
existem arrependimentos. Foi e já não é mais. Contudo, não pode negar a
importância de sua presença. Essa que está grudada em sua alma. Essa que fincou
bandeira em suas memórias. Essa que criou padrões inalcançáveis.
Talvez, se dissesse mais sim. Talvez, se não fugisse. Talvez, se respirasse fundo. Talvez se o mundo parasse por
alguns segundos. Talvez. E o "se" é coberto de amargura. Porque é preciso se
despedir. Porque não adianta o regresso. Porque é impossível recobrar o que já
está enterrado. Porque dói só de pensar. Porque é mais fácil correr. Porque
existem os próximos precipícios. Porque não é o suficiente para seus sonhos
silenciosos. Porque é pouco. E é tudo. Porque não há razão lógica para
retornar. Porque o que se finda acaba virando pó.
Banhada pela recordação de seu cheiro.
Coberta por esta tarde entediante. Escutando uma canção qualquer, que um dia
embalou suas danças. Secando o pranto com fel. Abrindo bem os olhos para o
futuro. Lembrando dos motivos do adeus. Deixando-se desapegar. Tentando. Sempre
tentando.
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