Para qual lugar foi a garota daqueles sonhos esverdeados? O
balançar, o toque entre um sorriso e outro. A névoa. Depois, o sol que nasce
sempre no mesmo lugar. Os seus olhos brilham e sua voz permanece infinita.
Amanhecerá. Partirá antes que a primeira luz apareça. Sempre o mesmo e eterno
sonho. Sempre a mesma e eterna emoção.
A canção se
repete, assim como naquela noite, mas agora sem a respiração ofegante ou sem a
fumaça que insiste em perseguir a existência daquela menina que fugiu da
varada. Correu para longe. Agora se esconde dentro de si para que possa criar
novas sensações, conhecer outras melodias. E elas vieram e não param de tocar.
A jornada. O doce
caminhar pela estrada coberta pelas rosas nas quais um dia se deitaram. A
recorrente sensação de ganho e perda. De verdade e ilusão. De uma ventania que
preenche suas veias. Não era para ser e era. Foi e já não é mais, contudo é.
Ainda. Porque pertence e sabe a razão exata de existir este desejo. E deixa a vontade
passar, ou pelo menos tenta.
O novo dia virá.
Sempre vivo, intenso, leve, sagrado. As palavras se misturam e cravam cada
sentença em sua pele. O brilho cruel do luar singelo. A sinfonia de dores
destruída pelos novos encontros, pelas novas oportunidades de receber o nunca
antes visto ou encontrado. Perde-se na neblina da escolha, mas porque quer
assim.
Depois apaga. Sorri
e desfaz o semblante de tensão, pois chegou o momento de paz. De descansar de
toda a euforia, alegria, perda ou engano. Despede-se daquele imenso pranto, do
entardecer sombrio antes tão presente. Mas, tudo isso é lento, expurga
vagarosamente, para que o júbilo cubra seus passos, como um manto celestial que cairá sobre sua face e não mais sairá. Emudece. A quietude toma espaço em
seu coração agora manso. E repete mil vezes tudo isto, até que seja uma
verdade absoluta. Se é que esta existe em algum lugar.