quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Sem título

  Apesar de negar, queria acreditar. Desarmou-se e deixou o tempo mostrar o que pode ser a vida. Acreditou. Com todas as forças. Agora, sorri de sua tolice compulsiva. De suas aventuras fantasiosas. Ri de si. Neste instante. Retorna. Não é sonho. É tudo real. E a próxima palavra pode acabar tudo. O minuto seguinte pode destruir o castelo alcançado.
   Se  a mágoa e a tristeza vieram, deixa-se embebedar delas. Deixa que as trevas devorem seu coração. Agora, gélido. Cristalinamente frio. Repete para ver se acontece. A mágica da mudança. Quer ver se apaga essa chama dentro de si. Da vontade despudorada. Das mais lindas sensações vividas e revividas. Quer apagar essa candente vontade. Ser outra, talvez.
    O caminho é mais tortuoso do que pensava. Mais solitário também. É parar. Ver que não há mais como fazer tudo aquilo. As informações misturam-se. Confundem-se. E sabe que é preciso esquecer um tanto de gente que acreditava antes.
   São diversas sensações. Num mar de decepções. Aquela que a olhava com um olhar amigo, doce e sensível, nada mais era do que mais uma pessoa em seu caminho para fazê-la não acreditar em ninguém. Bem que a dona das chaves da torre avisou. O cuidado é o caminho mais fácil para solidão, mas a dor é evitada. E, justamente, aquela amiga que pensava ganhar, foi apagada no momento em que escrevia.
    A fada de luz que diminui, conhece bem suas falhas. Todos as têm. Não é esse o problema. A questão está em seu coração aberto. Que mesmo sem parecer, agrega tantos. É preciso ser mais forte. Mais dura. Mais desconfiada. Nada poderá abalá-la se conseguir seguir o caminho que deseja.
     Então, fará. Sem vacilar. Sem controlar o que faz. É confuso. Mas, é controlar sentimentos e não as verdades. E há o mundo. Há tantas possibilidades de salvação. E a Fada Dourada, a última confiada amiga, tem razão. Tem a solução necessária. É só fechar os olhos e abri-los para o amanhã que despertará daqui a pouco. É só esquecer e não duvidar de si. É só frear impulsos de engolir o universo de uma vez. Passo por passo. A liberdade de sua alma, de seu coração, mente, sensação, força, de sua tão sonhada conquista, virá.
    Calma, disse a outra. Enxugue suas lágrimas e veja que lá, do outro lado, existe a alegria. Então, a menina sorriu novamente. Guardou um pouco de rancor. Jogou fora o ódio. Esqueceu o olhar. Duvidou de si por alguns segundos. Respirou. Olhou para o céu e até dele duvidou. Desabou. Suspirou. Gritou. Sufocada em prantos. Ressuscitou a fala. Recarregou a energia que lhe faltava. Respirou novamente. E soube que ainda que doesse, seu destino mudaria dali em diante. Não adianta tentar encontrar. O tempo é leal. O coração é fraco. Porém, quando o amanhecer chegar...ela saberá o que fazer. Com toda a sua juventude no seu peito. Exclamando para o vento o que há de bom em viver. Com o que ainda há para ser visto. Viu pouco. Muito pouco.
       Devaneios percorrem o corpo. Sela o pacto consigo. Expurga a morte. E dentro de si algo se transforma.

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