Todos os dias são domingo quando a solidão não é mais escassa. O
adeus é eterno e sepultado. Seu horizonte dissipou-se juntamente com o último
pedido orquestrado em tom de poesia.
Mas não foi atendido, foi? Porém, o que de
fato importa quando o último suspiro faz a noite se findar e o adeus é
inevitável? Quantas faces são necessárias revelar até que seja justa a
despedida? Porque os relógios irão girar. É impossível parar a chegada do
próximo presente que estar por vir.
Afinal, quantos sentidos podem
caber em uma frase para compor uma canção destruída? Desabar-se em pratos já
não é mais possível quando os olhos secaram e a alma foi consumida pelos dias
caliginosos. Não resta muito da sinfonia partida ou das lembranças estilhaçadas.
O seu heroísmo desmoronou na curva do ascender da maturidade.
Todos os caminhos parecem
apontar para a falta de sentido e cá está buscando uma resposta onde não há. É
impossível obter certezas dos silenciados. É inevitável o encontro parco com o
fim amargo quando a música cessa e a voz se cala.
É madrugada infinita. Ou
talvez seja um daqueles dias iluminados, banhados de sol. Aqueles que parecem
eternos e entediantes. Ou talvez seja melancolia cinzenta trancafiada na torre
mais alta do subconsciente amargurado.
O encontro é certeiro e fiel, o abandono também. Este é marcado apenas pela memória que um dia será destruída junto com as suas verdades. Não há segredos escondidos em sua face.
Apenas crisântemos sem perfume. Apenas um resto apodrecido. E o fel, que desce
agora na garganta, é também o futuro daqueles que estão por vir. Sobra apenas o
palor e a vontade langorosa de seguir.
Quando os pássaros voam eles
calam a noite coberta pelo silêncio. O alívio é só uma pausa para o derradeiro
clímax. É festa em tom de descaso e o postimeiro suspiro desafinado. É o
ecrã vazio e terminado ou a promessa desmantelada em um final de tarde. Ou o
desespero, vindo da melancolia, de desconhecer os desafios sublinhados na nova
face que ardia.