Delira agora e implora por um pouco mais de vento. Sedenta.
Candente. Coberta de luz. Cega pelas tempestades de outrora. Não compreende a
negação de um sorriso. A falta da gratidão pela caminhada. A imagem da escrita
sepultada. Os anos que já foram esquecidos.
Prende o ar. Procura um pouco de fantasia.
A ilusão soterra o coração descompassado e retorna para a madrugada cinzenta.
São flores cálidas que cobrem o chão nefasto e petrificado. São cores amargas
que espalham a melancolia. São as manhãs mitificadas. São os cantos dos
pássaros mortos.
Soterra toda esperança. Enriquece o pranto
desmedido. Emudece expectativas. Os sonhos condenam abismos impuros da sorte.
Desmazelo. Desespero. Melancolia. Sufocamento. Sofreguidão. Um segundo
flamejante de emoção e todos os sussurros se refazem.
Silêncio profundo. Artifícios prudentes.
Cobre o fulgor de repente. Celebra o fim de qualquer luminosidade
cristalinamente adocicada. Segrega espasmos lancinantes de dor. Erradica o
calor. Elimina o ardor. Contamina-se apenas com o furor. Aproxima-se da solidão
e cala de uma só vez qualquer resquício de paixão. Consome-se apenas de
sofreguidão, cólera em demasia, descontentamento, desolação.