É um pouco de cinza. É o fim da madrugada. Quando o tédio habita a
sua estrada. Enquanto para uns aquilo é festa. Enquanto para uns o mundo gira
no júbilo encharcado de água salgada...
Porém, seu oceano é a ventania que transborda de sua aura.
E a fumaça se afasta para que venham as flores sepulcrais. E o vento se
tranca numa torre ainda mais alta que a de outrora. Sim. A cada passo diminui a
distância entre os pés e o precipício. Agora, sem o néctar que espalha a
concupiscência no ar, sem o veneno celestial, acolhedor, perturbador, sensato,
violento, santificado.
O tempo gira. O ciclo se refaz. Os olhares não se encontram. A
imaginação corre leve, solta, pura, cristalinamente adocicada. A inspiração
amordaçada corta os véus impuros do pudor. Agora não mais acorrentado voa em
direção do tão conhecido poço.
Deseja pular. Com todas as forças prefere o abismo. Sim, os olhares não
se encontram. Sim, o fel escorre nas ondas douradas de uma divindade disfarçada.
Sim, não pula, pois as rochas, fincadas firmemente na terra, prendem seus pés.
Agora já não sabe se é terra ou ventania. Abismo ou calmaria. Já não
sabe se há realmente uma dúvida e qual seria ela afinal. E escreve... sem
fumaça...sem tanta inspiração...mas sem perder de vista o abismo que tem como
ponto final a varanda em noite de lua cheia.