É o abismo aprisionado em chamas. É um pouco de chagas para
obter o próximo sorriso. É um pouco de festa para que as trevas cheguem. Sem
fim. Sem limites. Sem rumo ou horizonte. Um ponto final coberto de reticências,
um mar que afaga os cabelos alheios e o brilho reluzente da lança
fina mergulhada nas correntes novamente possuídas.
São tolices da nova alvorada e
impropérios que desfazem a jornada. Muitos caminhos imersos em pranto seco,
em descaso com a solidão. A inimiga das horas agora não se faz mais presente.
Os sátiros corroem a madrugada. A fumaça se finda e o vento não bate em sua
face.
Silêncio e um pouco mais de relutância em
seguir por esta estrada outra vez. A lua já desapareceu nas brumas daquele
faiscante olhar. Suspiros gélidos acalentam a noite eterna. Quente somente nas
incertezas de ser quem é.
Números e mais números. Dias acumulados. E a prisão é
o maior prêmio já conquistado. A varada já não lhe pertence e agora não
mais no sentido figurado. Arrebentou mais uma corda presa aos pulsos e jogada
na ventania secreta.
Os mares petrificam-se para que passe. Regressa
ao passado muito distante. Volta para a torre, refaz promessas, celebra o
outrora cálido e intocável. A aura arde e luta para não cair do precipício.
Sim, está quase lá. Não há mais solução a não ser aceitar as decisões
descompassadas do tempo cruel. E são muitas bobagens para um pouco de amanhecer
que já não tarda em chegar.
Sem equilíbrio, passo ante passo, espiando
pela fresta da alma incendiada, recobra os sentidos, recupera a visão e
mergulha outra vez na deliciosa ilusão repleta da mais amarga fantasia
disfarçada de doçura.