quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Sonhando

Ventania. Que escapa. Corre das mãos. Que sufoca. Intensa. Veloz. Depois é bruma turva do deserto das incertezas. Depois é a lembrança de um beijo. Um sonho. Um devaneio. Depois é horizonte banhando de fel adocicado. Depois. Sempre. E o silêncio. E o vento. E a correnteza.

É vendaval de júbilo. É dormir para jamais despertar. Da ilusão. De um amanhecer. É correr para as lembranças de um abraço eterno. E das palavras tolas que saiam dos lábios tensos. Correr dos encantos. Correr da escrita amarga. Da vontade. Da insanidade. Das horas lentas. Da fumaça proibida. Dos mares traiçoeiros.

Pausa. Retorno. Pausa. Sofreguidão. Mais uma pausa. Mais um delírio. Mais e mais. Até não mais respirar. Até que não exista solução. Até que venha o entardecer. Até o último suspiro. Até as noites infinitas. As madrugadas. Os ciclos. 

As portas se abrem. As lágrimas secam. Chega um sorriso. Um único. Sorriso. A espera. Os minutos descompassados. Os sussurros. Os dias. O desejo. A sanidade rebelde. A integridade maculada.

Uma bifurcação perigosa. Uma eternidade. Uma promessa. Uma negação. Uma sequência numerosa de pedidos. E renúncias. E a melancolia abandonada. E o amanhã que virá. 

E o som depois do sim. E o silêncio sem fim. Depois do não. E a escolha. E a consciência. A dúvida. O medo. A certeza. E as possibilidades. E os cálices. Inteiros. Plenos. Cobertos de flores. De sombras. Da penumbra da razão.  

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