sábado, 7 de outubro de 2017

Nectar e fel



Precisa sempre começar por algum lugar. Dessa vez foi o passado que manchou a glória candente de um horizonte que parecia resplandecer. Entre um desatino e outro, busca um gole de respiro, de júbilo, de salvação. Porém, quando seus pés estão próximos do abismo, as torres sobem e trancafiam as emoções puras e doces. A danação está em sua jornada. Seu coração é cinza e danificado pela fumaça que sopra junto com o vento gélido da madrugada.


Por que não pode ser diferente? Por que o destino insiste em entoar canções impossíveis de serem finalizadas? Ou as questões mais reais, concretas e problemáticas são as suas escolhas? Seu olhar inocente é marcado pelo profundo amargor de ser quem é. No final, é uma soma distinta que possui o mesmo resultado.


Ela odeia essa canção descompassada que insiste em fincar morada na alma esmaecida. As lágrimas, outrora derramadas na varanda celestial, secaram junto com as certezas e com a verdadeira face da solidão. Não há escapatória. A soledade está impregnada em sua pele. Mesmo que corra velozmente dos tormentos da desilusão. Ainda que fuja solenemente das torturas das longas frases melancólicas, são os prantos ressequidos que merece. São apenas eles que recebe. 

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Não deveria ser tão árduo. A verdade é que seriam águas cristalinas e reluzentes. Um orvalho adocicado. Um alvorecer singelo e purificado. Mas, aponta em direção do devaneio, das metáforas incompletas, das noites sem fim e pouco seletas. É tolice em demasia e um punhado de final de festa. É porque sabe que falta pouco para escurecer de vez as esperanças singelas de alegria. Sem mistério algum, termina sua junção de palavras mal acabadas. Perde a consciência e segue. Até o último e derradeiro suspiro. Até. 



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