segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Alvorecer

Quando foi mesmo que amanheceu o dia? O vento soprava forte e já era certeza a despedida. O caos dominava a noite, assim como a madrugada era cinzenta e fria. O tempo mostrara como dominar certos sentimentos e emoções. Porém, os relógios pararam e tudo foi música novamente. Quando as sensações pareciam estar adestradas. Quando as certezas estavam equilibradas. Quando tudo era sereno, cheio de monotonia interna. 

O tempo congelou por alguns segundos. As pupilas insistiam em dilatar quando fitava seus olhares. 

O coração descompassado agora gargalha das palavras escritas. O júbilo reascende na alma e as promessas se desfazem com o nascer do novo horizonte. Os andares da torre inalcançável começam a ruir. Respira. Suspira. Começa outra vez. Porque as frases estão mal posicionadas, como a sua mente que gira sem parar.

É porque não consegue parar de sorrir, enquanto a melodia passa por suas mãos. É porque o soar dos sinos cessaram. É porque já consegue enxergar os pássaros voarem sem tormentos. Porque é leveza sutil e sem escárnios. Porque é poder correr em direção do abismo sem ter medo. Contudo, ainda segura os passos. Contudo, não cai de uma vez só. Observa atenta a aurora se pôr, os mares correrem por seus pés, tendo a certeza que as palavras abençoadas estão marcando lentamente sua trajetória.

Não era para ser entendido. Ou era? Os acontecimentos escapam da memória, mas o que importa realmente é o retorno. Ou o beijo selado, os dias iluminados e o regresso candente das sensações outrora escondidas. É para silenciar, não é? É para calar os ímpetos adormecidos. Porém, a face enrubesce, as canções se alastram e o restante é apenas poeira espalhada pelos caminhos ainda não traçados.  


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