domingo, 13 de agosto de 2017

Sonntag


Todos os dias são domingo quando a solidão não é mais escassa. O adeus é eterno e sepultado. Seu horizonte dissipou-se juntamente com o último pedido orquestrado em tom de poesia. 

Mas não foi atendido, foi? Porém, o que de fato importa quando o último suspiro faz a noite se findar e o adeus é inevitável? Quantas faces são necessárias revelar até que seja justa a despedida? Porque os relógios irão girar. É impossível parar a chegada do próximo presente que estar por vir.

Afinal, quantos sentidos podem caber em uma frase para compor uma canção destruída? Desabar-se em pratos já não é mais possível quando os olhos secaram e a alma foi consumida pelos dias caliginosos. Não resta muito da sinfonia partida ou das lembranças estilhaçadas. O seu heroísmo desmoronou na curva do ascender da maturidade. 
 
Todos os caminhos parecem apontar para a falta de sentido e cá está buscando uma resposta onde não há. É impossível obter certezas dos silenciados. É inevitável o encontro parco com o fim amargo quando a música cessa e a voz se cala. 

É madrugada infinita. Ou talvez seja um daqueles dias iluminados, banhados de sol. Aqueles que parecem eternos e entediantes. Ou talvez seja melancolia cinzenta trancafiada na torre mais alta do subconsciente amargurado. 

O encontro é certeiro e fiel, o abandono também. Este é marcado apenas pela memória que um dia será destruída junto com as suas verdades. Não há segredos escondidos em sua face. Apenas crisântemos sem perfume. Apenas um resto apodrecido. E o fel, que desce agora na garganta, é também o futuro daqueles que estão por vir. Sobra apenas o palor e a vontade langorosa de seguir. 

 
Quando os pássaros voam eles calam a noite coberta pelo silêncio. O alívio é só uma pausa para o derradeiro clímax. É festa em tom de descaso e o postimeiro suspiro desafinado. É o ecrã vazio e terminado ou a promessa desmantelada em um final de tarde. Ou o desespero, vindo da melancolia, de desconhecer os desafios sublinhados na nova face que ardia. 

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