terça-feira, 8 de março de 2016

Um Gancho...



Foi. Foi o silêncio que libertou seus passos. Não há dúvida alguma. 




Quando tudo é gritaria. Quando tudo é ventania. Seus ouvidos buscam um pouco de paz. Então vem a sensação de nostalgia. Se seu mundo era preenchido de cores e emoções, tudo se fez ruído. Se sem som poderia escutar melhor, agora nada faz mais sentido. 

Não que pudesse viver na mudez de seu cotidiano. Não. Isso já não é mais possível. Isso não se encaixa na balbúrdia que é seu coração. Porém, sempre há um porém quando se fala do silenciar da eternidade. Porém, se pudesse respirar novamente as tardes de aventura, o doce gosto de momentos eternos, os clamores e atitudes apaixonadas, iria sem pestanejar.

Ainda assim, sabe. Eram tantos rompantes que sua aura cansada não podia oferecer a atenção necessária. Eram muitas canções, eram muitas sensações e toneladas de juventude. Era (e ainda é) um nó na garganta. Uma dúvida. Um adeus constante. Uma súplica. Um pedido. Apenas mais um. E outro. Outra face. Outros beijos e sorrisos. Respira. Segurando as lágrimas. Tentando encontrar a lucidez. Tentando encontrar a calma ou uma solução. 



 Os planos. Recorda. Eram infinitos. Era muito para sua cabeça de menina. E ainda são. Por isso mesmo que não existem arrependimentos. Foi e já não é mais. Contudo, não pode negar a importância de sua presença. Essa que está grudada em sua alma. Essa que fincou bandeira em suas memórias. Essa que criou padrões inalcançáveis. 

 Talvez, se dissesse mais sim. Talvez, se não fugisse. Talvez, se respirasse fundo. Talvez se o mundo parasse por alguns segundos. Talvez. E o "se" é coberto de amargura. Porque é preciso se despedir. Porque não adianta o regresso. Porque é impossível recobrar o que já está enterrado. Porque dói só de pensar. Porque é mais fácil correr. Porque existem os próximos precipícios. Porque não é o suficiente para seus sonhos silenciosos. Porque é pouco. E é tudo. Porque não há razão lógica para retornar. Porque o que se finda acaba virando pó. 

Banhada pela recordação de seu cheiro. Coberta por esta tarde entediante. Escutando uma canção qualquer, que um dia embalou suas danças. Secando o pranto com fel. Abrindo bem os olhos para o futuro. Lembrando dos motivos do adeus. Deixando-se desapegar. Tentando. Sempre tentando.


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