quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Quando a fada disse adeus ao silêncio

  Foi o silêncio. Foi dentro dele que reinventou certezas. Destruiu correntes. Reconstruiu seus passos. Renasceu. 

Agora o momento é outro, porém é necessário que se faça justiça. É preciso lembrar um pouco. Para que venha a despedida. Para que o vento volte a bater fortemente em sua face melancólica. 

 Se sua vida era apenas um mar de sinfonia e vozes, foi naquele encontro que compreendeu sua alma. A partir daquele único e derradeiro instante, naquele inesquecível momento, que tudo mudou. Foi arrancada de seu cotidiano morto, foi obrigada a conhecer novos horizontes, novos rumos. Foi obrigada a crescer, sem que ao menos pudesse evitar aquilo. Sem que ao menos pudesse se proteger das rajadas de dor que viriam.

 Entre encantos e desilusões, entre festas e mágoas, entre dúvida e seguranças. Foi num turbilhão de acontecimentos que descobriu todas as respostas para a salvação. Foi porque o encontro existiu que todas as possibilidades se fizeram presente. Foi porque cuidou de suas mazelas. Foi porque lhe fez enxergar o mundo que existe lá fora. Foi e já não é mais.

 Sim. Tudo se modificou. Sim, o adeus foi preciso. A exatidão da despedida inaugurou a temporada de sorrisos, de realizações. Não há muito o que se dizer quando o coração está estilhaçado. Não há muito o que se dizer quando todo o pranto foi derramado. E era para ser silêncio, não é mesmo? Se apostou em todas as aventuras e pactos foi para que pudesse se libertar. Se disse sim depois do não foi para que a tempestade encontrasse repouso nessa imensidão de vontades. Se eram opostos, nada mais justo que encerrar as incertezas.

 As respostas, dissolvidas em lágrimas, desfazem os acordos. As escolhas do presente finalizam a escrita dessa história. E diz sim para o nunca mais. Fecha os olhos e solta sua mão. Fecha os olhos e respira fundo. Fecha os olhos e segue. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário