terça-feira, 4 de novembro de 2014

Lapidando

A correnteza afoga o vento. A terra cobre a pálida face. As palavras soterram a alma petrificada. Basta uma memória. Uma sensação. E tudo pode moldar-se, transformar-se. Basta apenas que sinta outra vez a lâmina gélida, cravada na pele.

Os zumbis marcham em múltiplas direções. O infinito é apenas sordidez. O horizonte é cinza e nebuloso.

Foi no outrora não muito distante que se contaminou pelo veneno dos céticos. Foi num passado ainda palpável que incendiou sua aura de menina para entregar-se aos pedidos sinceros. Cruéis. Certeiros. Pestilentos. Surrealmente preenchidos de dor.

Foi. Para nunca mais. Para purificar-se. Para evitar sensações. Para que jamais o topo fosse alcançado. Para que a mágoa restasse. Para todo sempre. Coberto de chagas. De prantos. De escárnios. De dor. De um tudo permeado de nada.

Depois veio o silêncio. E as manhãs. E as canções. E o retorno. E o sonho que não pode ser negado. Ou esquecido.

Porém. Sempre há um. Um porém. E este é apenas coberto de dúvidas. De incertezas. De recomeço. Ou regresso para o mesmo ponto. E o fim é dito depois do sim. Sendo único. Ou múltiplo. Repleto de estilhaços. De descaso e desamor. Compaixão e solidão. Rancor.

Ainda resta o tempo. Ainda resta um pouco de ilusão. De emoção. E tudo já mudou sim. Apenas deixa morar um pouco de cor e vendaval na sua pele. Apenas deixa a chuva entrar. E adentrar a varada. A mente. Os dias. E os caminhos entrelaçados.

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