sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Faces Reveladas

É frio cinzento. É poeira. É solidão. São as rusgas do passado. É o véu da sinceridade. É o céu coberto de nuvens cintilantes. É tudo que foi e já não mais é. São as promessas reveladas. Os cálices derramados. 

Sentimentos corrosivos. Noites perdidas. Abandono desleal. Máscaras que caem como a chuva deste amanhecer. 

Depois tudo é mais forte. Mais real. Mais singelo. Puro. Adocicado. Após a verdade apontada. Após sentir na alma o baque do ressentimento alheio. Após o fim de mais um ciclo.

Agora as chamas da certeza brotam no coração petrificado. E este se amolece. Devagar. Enquanto chega a primavera. Enquanto os olhares se encontram. E brilham. E cantam. E os pássaros somem. E os sinos congelam. E os clamores cessam. Já é véspera de ventania desmedida. E a aura ferve. Os mares se abrem. O incômodo se desfaz.

O silêncio perdoa. O veneno se esgota. Sorrisos. Leves. Lindos. Belos. É júbilo sem fim. É um anoitecer sem mágoas. É gargalhada longa. Findam-se as dores. Apaga as faces falsas. Renega os amores fingidos. As palavras em vão. Os abraços traiçoeiros.

Sim. Há retorno. Existe salvação. As correntezas da sorte aproximam-se. E já é hora de viver a paixão anunciada. É. Até o fim. Da existência. É. Até que o horizonte se refaça. Até que as flores caiam novamente no caminho. Até que as músicas voltem a tocar. Até que o sol se esconda. Até. 


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