terça-feira, 5 de agosto de 2014

Sinfonia

Delira agora e implora por um pouco mais de vento. Sedenta. Candente. Coberta de luz. Cega pelas tempestades de outrora. Não compreende a negação de um sorriso. A falta da gratidão pela caminhada. A imagem da escrita sepultada. Os anos que já foram esquecidos. 

Prende o ar. Procura um pouco de fantasia. A ilusão soterra o coração descompassado e retorna para a madrugada cinzenta. São flores cálidas que cobrem o chão nefasto e petrificado. São cores amargas que espalham a melancolia. São as manhãs mitificadas. São os cantos dos pássaros mortos. 

Soterra toda esperança. Enriquece o pranto desmedido. Emudece expectativas. Os sonhos condenam abismos impuros da sorte. Desmazelo. Desespero. Melancolia. Sufocamento. Sofreguidão. Um segundo flamejante de emoção e todos os sussurros se refazem. 

Silêncio profundo. Artifícios prudentes. Cobre o fulgor de repente. Celebra o fim de qualquer luminosidade cristalinamente adocicada. Segrega espasmos lancinantes de dor. Erradica o calor. Elimina o ardor. Contamina-se apenas com o furor. Aproxima-se da solidão e cala de uma só vez qualquer resquício de paixão. Consome-se apenas de sofreguidão, cólera em demasia, descontentamento, desolação.


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