domingo, 20 de abril de 2014

A verdade escondida no abismo

 A chave se encontrava em suas mãos. Estava indo em direção da fenda. Sim. A luminosidade banhou o horizonte e já sabia como deveria ser o paraíso. As cores, as flores, a face e a ventania, o doce encontro revigorante. O portal se fechava novamente. Correu em sua direção. Com toda força que lhe restava. Porém, assim que colocou os pés no jardim esverdeado tudo se fez cinza, escuro, sufocante.

Rajadas de raios candentes. Cálices transbordantes. Farpas. Espinhos. Crueldade e rancor. Flechas cálidas caiam do céu. Sim, no outrora estava certa. O silêncio era o mal disfarçado com um sorriso melancólico. Sim, nunca errou por evitar a entrada no secreto abismo. Aquele lugar era condenado e assim que se entregasse seria derrotada e amaldiçoada a sua sorte.

Todo o tempo fugiu, correu e agora já sabia que deveria continuar com sua razão. Se sentiu que não deveria entrar isso era o mais correto. Somente tristeza habitava aquele desconhecido reino que um dia se fez parecer luminoso. Após a conclusão precisava achar a saída que, assim como a entrada, se estreitava de tempos em tempos. Galopou em direção da ventania, segurou-se nela e seguiu pela estrada nebulosa.

Espadas, lanças, monstros ferozes, desengano. Abismos concretos abriam-se em cada passo tortuoso. A maldade vestida de silêncio jogava em sua face a nova presa e gargalhava mostrando a cruel e inabalável verdade. Agora via o final de tudo. Encontrou mais um portal. Ainda olhou para o jardim mais vez. Lá estava ele, feliz e coberto de flores, mas era apenas ilusão certeira. As dores e tempestades ainda permaneciam no ambiente secreto. 

Assim, foi. Para o hoje, para o amanhã, para nunca mais voltar.


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