terça-feira, 8 de outubro de 2013

A fada e sua luz

 O vento silenciou e fincou ausência eternamente. Até a fumaça a abandonou em lentos passos enquanto conquistava a vida. A solidão desabrochou e partiu junto com a ventania. 

 Os reflexos antigos refletidos nos retratos de outrora relembram as doçuras e amarguras de ser quem escolheu ser. Agora respira fundo para conseguir encontrar-se outra vez.

 Enquanto flutua, entre os mundos reais e os inventados, reluta para não correr mais uma vez para a torre mais alta. Se esconder seria mais fácil, porém nunca optou por algo assim em sua jornada. 

 Então, sufocada e sem ar, cambaleante, sua luz de fada deixou de reluzir quando tropeçou no abismo de uma inverdade mal explicada. 

 Depois sofre e dança. Depois canta e desaba. Depois chora e gargalha. Até o último suspiro quando dirá seu nome pela última vez.

 Num desatino, num descompasso, numa fuga insensata, naquela lágrima de fúria e dor que escorre após ser acorrentada naquelas amarras novamente. 

 Afunda em todos os mares revoltos, roga ao destino um pouco de piedade, tenta alcançar escolhas, mas o mundo está embaçado e tudo parece impossível neste instante. 

 Sôfrega, ainda com o coração esmagado e em chamas sangrentas, caminha em direção do nada. 

 Ou talvez caminhe em direção dos dias que virão, da tão esperada primavera, das cantigas acolhedoras, do príncipe loiro e suas melodias insanas, das tardes de calmaria, da nova história que se refaz enquanto escrever suas tolas palavras.


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