sábado, 3 de agosto de 2013

Alvorada

 Num passado não muito distante, a menina esperava uma solução que parecia jamais vir. Em seus sonhos todos os sentimentos deveriam ser únicos, fortemente entrelaçados, recíprocos.

 Mudou o rumo das certezas para provar um pouco das madrugadas insensatas. Um grito sufocava a alma. Buscava ser o que não era e nunca seria. Pois não há resposta em beijos perdidos, em urgências falsas, em encontros desperdiçados.

 Seguiu pelo caminho vazio dos lábios que se encontram sem motivo algum. Até que um dia encontrou o sorriso certo, o cessar das dúvidas, o júbilo candente. Nas horas escorriam faíscas tempestuosas de emoções inenarráveis.

 Relutou, escondeu, tentou fugir. Seu coração torturado sangrava pranto de um outrora nebuloso. E escolheu a princesa para não sentir. Em seu confuso pensamento não passou a ideia de seguir adiante, apenas queria saciar uma vontade de mudar, de esquecer melodias enfraquecidas.

 Não há como negar. Escreverá até compreender como aquilo que um dia pareceu impossível tornou-se concreto, real, forte. As emoções que tinham secado, junto com as lágrimas, galopearam seu peito sem que ao menos pudesse esperar, pensar, raciocinar.

 Agora tudo faz sentido outra vez. Não precisa ser outra, se reinventar sem motivo. E pulou do abismo mais alto, de olhos abertos, sem pestanejar. 

 Apagou os zunidos sussurrados dos zumbis, esqueceu as regras recitadas pelos próximos, desmanchou as dúvidas e continuou a caminhar.

 A história passa em sua memória e já sabe, tem toda certeza. Sem saber, a salvou do precipício das sentenças mal acabadas, do cinza que cobria sua pele, dos goles ébrios de saudade, dos fins de tarde cobertos de brumas, do caos. Trouxe de volta a sua ventania.

 E já é hora de acordar, mas neste sonho permanece, deixando que o destino se encarregue do resto.


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