domingo, 4 de agosto de 2013

Acordar

 Suscetível. Ao toque, as palavras, ao silêncio. Ébria, destruiu a torre mais alta que já tinha alcançado. Se ao menos não destilasse veneno impuro e sórdido vindo da carência e angústia de ser quem é. Tonta, segue em direção da perdição. Seu caminho é solitário, seu destino é dor que dilacera a alma. O coração, já muito calejado, insiste em bater e machucar a aura. Jamais encontrará um sorriso que não quebre. Nunca existirá uma alegria que não desmanche, que não transforme em pranto.

 O hoje é interminável, é eterno. Nos seus olhos viu o que antes não apareceu. Agora a salvação parte rumo ao passado, em direção oposta ao vento. A náusea é sua única companhia. Sempre soube. A solidão a persegue. É um ciclo que não se findará. Até seu último suspiro lembrará-se das máculas, da vontade de ser o que não é destruindo os passos certeiros, de um tudo que no fim vira vazio. 

 A escrita torta traz as lembranças à tona. Se ao menos pudesse mostrar a verdade, fazer enxergar o quão cristalina é a sua sinceridade. E já sabe. Perdeu. Findou-se mais um ciclo de derrota e a dor se instala para todo sempre. E o encontro se parte, reparte e finca sua espada cruel. 

 E viu os mares revoltos escorrerem na sua face. E viu o mundo girar. E soube. A felicidade não a pertence. Aceita o destino. E finalmente sela o pacto consigo. Aquele que um dia pareceu tolo. Outra vez se faz presente. Sozinha permanece. Respira. Suspira. Mais lágrimas, menos júbilo. E todos partem. 

Sim, até o último gole. Pertence. Acredita. Luta. Reluta. Corre. E repete: acorda do sonho, menina. Não há varanda, não há salvação. Desperta de uma vez. Acorde. Já não é mais fada, não reluz. Sem brilho será até seus últimos dias.

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