quarta-feira, 24 de julho de 2013

Quando a fada encontrou o silêncio

O anoitecer chegava enquanto seu coração disparava. Disfarçadamente fitava aquele rosto conhecido. Quando os olhos se encontravam a respiração tornava-se ofegante. Como numa dança descompassada a mente girava e a frase estava engasgada em sua garganta. Respirou, suspirou, pensou dez vezes. Disse o que precisava e o silêncio invadiu a madrugada.

Depois vieram as aventuras. Mais e mais. A chuva abençoava os passos cambaleantes. A lua respondia que sim, ainda que as dúvidas existissem. Ébria, buscava compreender a princesa silenciosa. Jamais vira antes olhos que ardessem tanto e fossem tão preenchidos de faíscas pulsantes. Naquela aura candente mergulhou. Esqueceu as falhas do destino, as incertezas, as palavras não ditas. Todas as suas ideologias agora faziam sentido. Aquelas sobre a verdade, a intensidade, a vontade como ser supremo.

Mais um trago de sua violenta paixão. Mais uma lança fincada em seu peito. Mais um pouco de loucura e o dia amanheceria. Sim. E na sua voz pôde ouvir o som da despedida cruel, eterna, certeira. Então veio o pranto, a tensão, a mais terrível sensação e o cessar da melodia insana.

Correu em direção do desejo e esperou pelo melhor. Até que seus fios reluziram novamente. No fim da noite. Quando menos esperava. As palavras estavam ali escritas. O mundo girou e tudo mudou mais uma vez. Finalmente o ciclo angustiante se fechou. O outrora pareceu morrer junto com o som de sua voz. Pois há silêncio sim, porém coberto de ações e sentenças perfeitas.

Agora o cinza escorreu de sua vida. Agora a ventania encontrou-se. O pranto secou, as marcas do passado se apagaram e tudo é recomeço, de um novo ciclo, de doses generosas de concupiscência, de delírios infinitos, dos novos horizontes que surgem a cada pôr-do-sol e nascer do dia.

Deita em seu olhar que devora todos os segundos, esquece as regras sussurradas, deixa o vento, o tempo e o destino incendiarem os caminhos que se cruzaram e aumenta volume da doce sinfonia descoberta.


Nenhum comentário:

Postar um comentário