sábado, 18 de maio de 2013

Quando o vento despertou a fada

 E os muros se erguem novamente. As vendas caem dos seus olhos. Uma lança fisga sua alma e sente a dor da outra. Enquanto seu olhar se transfigurava, lentamente observava a cena. Já sabia. Não estava mais no lugar certo. Nunca pertenceu a este universo no qual as sensações são banalizadas. Cada minuto precisa ser vivido, cada olhar importa e as melodias não devem ser jogadas ao vento.


A lucidez ácida revela certos mistérios presos em uma dúvida agora morta. Despertou de um transe quando acordou do sonho e compreendeu todas as decisões contidas naquela ação. Jamais existirá algo mais forte do que o outrora coberto de flamas. E ingere mais daquele veneno que jurou nunca mais tomar. Não adianta negar, seu coração é frágil, porém roga ao vento que lhe traga forças para continuar seguindo.


O tempo passa. Cada segundo preenchido pelo presente confirma mais sua certeza. A menina presa naquela varada quase já não existe. Seus pensamentos mudaram, agora sabe. Os sentimentos precisam ser honrados, a verdade é cruel, porém ela é sempre mais doce do que qualquer engano. E não há mais como aguentar imaturidades, indecisões, lágrimas fúteis, sorrisos falsos, precisa daquilo que sempre a salvou.


As horas correm e não suporta mais miragens, criações, suposições. Chegou o momento em que já entende aquela que um dia guiou seus passos. Viver é tão precioso, não vale a pena gastar suas energias com nada menor que a ventania ou doses fortes de intensidade. Por isso regressa ao passado. O retorno estava marcado no destino. Este tão entrelaçado e prazeroso. 


Um dia tudo será festa outra vez. Nos seus braços desvanecerá. Os olhares se encontrarão e saberá que o pacto nunca foi quebrado. A promessa continua presente, por mais quebrada que pareça, não houve instante algum que não se manteve firme. Pelo menos para si, jurou e permanecerá jurando. Até o último suspiro, quando dirá seu nome pela última vez.

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