sábado, 23 de março de 2013

Para sempre nunca mais


 As cortinas se abrem, os créditos iniciais se findam. Num outrora pouco distante seus lábios estariam implorando por aquela cena espetacular que arrebata o coração. Com os cachos cortados essas ideias foram desaparecendo, assim como seu sorriso. A espera tornou-se melancolia, as tardes viraram cinza e o céu nebuloso.
 Quando o coração novamente descongelou confundiu miragem com sentimento, mas estava certa que precisava perseguir a confusa felicidade de seus sonhos. Mergulhada em uma corrida insana deixou-se levar pela fantasia, sem medo, sem culpa, apenas aproveitando aquela deliciosa aventura. 
 Porém, com a chama da certeza, sabia que não há quase nada neste mundo que não seja finito. Entre uma ou outra respiração ofegante agarrou-se na memória, sepultou outra vez as emoções e seguiu gélida, com apenas um sorriso na manga.
 No anoitecer, este coberto pela fumaça, seguiu. Para novas estradas. Depois rasgou os rascunhos ainda guardados, grudados em sua pele. Mas, se esqueceu que todos eles voltariam voando, naquelas ventanias de sábado, naquelas tempestades de domingo, nas chuvas de júbilo, nas quais escorrem todos os anjos do limbo em que se encontra.
 Cada passo em uma direção, cada beijo flutua junto com a madrugada, cada gole de veneno etílico é ingerido após cada refeição, cada toque celestial vem dos amores tardios, cada voz é perdida no tempo e no espaço. 
 Sim. Isto porque quando a sensação abandona a aura já há não mais retorno. Por isso segura a única melodia presa em seus sonhos. Presa em seu subconsciente. E esta domina. E para esta não há cura. E o tempo não faz diluir nenhuma poeira, nenhum pedaço dessa maldição que carregará até o último suspiro, quando dirá pela última vez o nome. Aquele revelador nome estampando em sua face, junto com a escondida frase esculpida em seus olhos, contudo já será tarde demais para pintá-lo em qualquer lugar.

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