terça-feira, 2 de outubro de 2012

O outrora especial

Algo especial... há algo de especial nela, pensou. Olhou para seus olhos e quis mergulhar naquela sensação ininterrupta de felicidade. Tentou recobrar o fôlego. Só de pensar naquelas belas palavras que saiam de seus lábios o corpo delirava. A luminosidade dos versos encantava a cada instante. O coração disparava quando o beijo era selado.

A alma rebelde cansava, mas ainda não era tempo de enjoar. Os passos eram leves. A memória guardava o melhor e foi ela quem trouxe a salvação, no momento mais tortuoso e cheio de perdição. Correu para onde o vento levava, naquela direção, no pulsar frenético das horas descompassadas.

Pausa. Era o momento exato de acordar. Um sopro, sua voz se tornou inaudível. Somente a lembrança restou. Então, como uma tempestade finita, a aurora resplandeceu e viu novamente a paixão desvanecida. A rapidez de um encontro e, outra vez, a partida. Tentou acalmar o ébrio coração. Depois vieram outras distrações.

Fugiu de tormentos, deixou o pranto secar, reconstruiu o caminho pausado para viver o que tivesse de ser vivido. Seguiu, ainda que mantivesse contatos não respondidos. Até que...até que seu caminho cruzou novamente com o dela. Uma noite, uma canção e mais loucuras para serem presenciadas.

Cessou, parou, congelou. Na madrugada, após dizer não para um beijo, tudo pareceu fazer sentido. Nada mais restava naquela história. Pelo menos não como antes. Naquela exata hora, a alma gélida ficou, a pulsação frenética desapareceu. Restou apenas uma sensação estranha. Um resquício de algo irreconhecível. Não é paixão, muito menos amor. Tantos clichês para resignificar e explicar tolices de uma ação sem sentido.

Agora, a decisão parece turva, porém esta não pertence somente a ti. Olha mais uma vez, tenta recordar o que no outrora parecia reluzente. São outras emoções. Talvez. Não sela mais pactos. Não procura entender. Não quer mais nada além do sossego de ser e reconhecer quem é. E o que foi já não importa. O tempo dirá qual o melhor destino a percorrer. Cala-se. Já é hora de dormir e esquecer os dourados fios que cobrem a singela melodia, quase translúcida...e a narrativa vai se apagando...enquanto outra surge.

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