sábado, 18 de agosto de 2012

Requer esquecimento

 A estrada era tortuosa e incerta. Numa noite fria apareceu o inesperado. Sentiu outra vez o adocicado perfume da luz que já se apagou em seu coração. Tentou regressar, mas não. As chamas do passado ficam somente guardadas. Mergulhada em uma aurora de fantasmas afasta qualquer outro pensamento.
 O novo sempre vem. Galopa então em direção ao futuro. Com um sorriso no rosto.
  O coração disparava. Era muito para ser vivido em poucos segundos. O tempo passa. As horas correm. Deseja. Envolve-se. Corre. E o destino sela marcas inapagáveis. O doce sabor de um néctar provado. O beijo escondido.
 A madrugada trouxe aventuras antes inexploradas. Ainda que não aprove o rumo destes versos, deixou que a vida acalentasse suas expectativas. Já as esqueceu. Afinal, sem esperar, uma luz dourada reluziu na escuridão ébria e cinzenta.
 Não importa o fim desta história. Somente o reencontro. O amanhecer sublime. Sempre esperou por este amanhecer. Flor sim. Que não se desmancha. Contudo, se desapega de certas narrativas irrelevantes. Seus passos iluminados deixaram rastros de júbilo e a imensidão de sensações. Recordações. Fecha-se mais um ciclo. A hora em que o outrora adormece. Os pássaros se calam. E lembra-se da cor infinita de seus olhos.
 Sempre restam as memórias. Essas são preciosas sim. Sabe bem o caminho que escolheu viver. Sabe muito bem de seus erros e pecados. Enxerga um novo horizonte repleto de falhas e acertos. 
 Um caminho duplo. Sem mágoas, porém. Uma jornada limpa. Cristalina. Rubra de intensidade. Vermelha é a sua cor. O vento é o seu dono. Apenas. Isto. Sem hedonismos. Sem flamas candentes que se desvanecem. Com um beijo. E tantos outros em seu coração. Que pulsa. Firme. Forte. Sem lanças ou golpes. Sem chagas ou desilusões. Uma aura coberta pela fumaça. Um sopro. A ventania. Os espasmos sinceros de uma pele cálida. Um gesto. As manhãs cobertas de esperança. Os raios de sol que queimam a face pálida. Um suspiro. Respira.
 O que foi já acabou e não era mais para ser. O presente faz o corpo estremecer. Pela mesma razão. A mesma que sempre guiou sua natureza. Objeto. Desesperado desejo. Arde e não é aquilo que vejo. Missivas. Paixão. Tola. Queima o papel rasgado em sua mente. Imagina. Reluta. Esquece. É preciso sim esquecer um sorriso que arrebata assim um gélido ser. Difícil sim. Porém acredita na nova história que se inicia agora. E que venha o tempo. Banhar a imensidão desses mares. Corroer as seletas angústias deixadas de lado. Corre menina que a vida é um só.

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