quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Mercy


 Seriam apenas palavras? Seriam. Talvez não. Talvez acreditasse em cada palavra. Em cada missiva. Em cada poesia. A outra olhava em seus olhos todo o tempo. Depois veio uma noite cheia de delitos e confusões. Jovens, pensou. Jovens. Todos ébrios. Todos tão cheios de motivos. Um coração que disparava cada vez que via aqueles passos já conhecidos em um outrora distante. Em uma canção escutada num amanhecer tardio.
 Todos, príncipes e princesas. Todos. Ao abrir os olhos lembrava cada vez mais daquela madrugada. Agora seu corpo tremia ao pensar no ocorrido. Sorte de quem esqueceu. Sorte mesmo. Para os que lembram restam apenas dúvidas. Do que foi dito, do que foi feito. Alguns culpados, alguns certos e outros se questionam na sua escrita qual foi mesmo o caminho que seguiu.
 Não precisava ser assim. Não se trata de um jogo, não se trata de desarmonia, muito menos de um sonho transformado em pesadelo. 
 Foi assim. Exatamente assim. Um ciclo. Um quarteto confuso. Uma sinfonia de delitos. Um segredo. Uma verdade. Várias verdades. Condensadas. Misturadas em veneno. E um exagero sem fim. De promessas. De juras. De ações. De desnecessárias canções. 
 Emudece esta melodia. Deixa que seu erro consuma seus dias. Deixará porque sempre foi assim. Aquela que espera o tempo passar e curar as mazelas da vida. Mas, não queria que fosse assim. Não mesmo. Era para ser festa e júbilo. Era. Então, um nobre cavaleiro joga-se na calçada. Então, palavras são jogadas ao vento. E insiste. Insiste em si delatar. 
 Depois amanheceu e lembrou-se de outra narrativa. Sim. A única que poderia salvá-la de qualquer conflito. Foi ali, naquele exato momento, que soube o óbvio. Não há porque se derramar por escritas e frases belas. Não mesmo. Existe aquela que provou seu valor com sua sincera face. Ainda que a denúncia tenha sido feita horas depois. Perde um pouco da confiança, mas não abala a afeição.
 Mergulha, então. Num poço de danações. Se ao menos fosse ficção, tudo acabaria bem no final das contas. Porém, não é. Nem nunca será. E em que lugar está a resposta? Em que lugar existe a flor verdadeira? Não neste lamaçal que afoga sua estrada. 
 Suspira. Procura respirar. Encontra a melhor solução. Espera o tempo curar. Somente este traz todas as respostas possíveis. E não será uma noite que condenará sua alma. O pranto não veio. Aliás, nem precisava chegar. Ele já secou quando o coração gelou. E não há mais nada que possa fazer a não ser viver. Mais suspiros e lembra que há sim uma saída no fim deste imenso túnel. Agarra a solução e deixa que ardam enquanto sorri. E sim, deixa as portas abertas para quem quiser voltar.
 Está falando de todos. Estes que foram embora um dia. Que foram embora ontem também. Podem voltar quando quiserem.

 E essa é somente uma parte da história...

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