domingo, 12 de agosto de 2012

Lies over the ocean

 Quer se calar. Sim, de verdade. Deseja emudecer a alma e jamais soluçar outra vez. Não revela tudo isto apenas pelo dia que se instala ou pelo assunto que insiste em voltar. Não, são por tantas razões. Porém, já não quer mais pensar e sim apagar. Esquecer. Precisa lutar contra a vontade sufocante de gritar e soluçar até não mais aguentar.

 Necessita deixar tudo passar, pois o amanhecer quebra a dor, para que então possa voltar a chorar por amores impossíveis ou subir nos palcos para fingir ser outra. É tudo tão óbvio em sua escrita. Enquanto deixa morrer qualquer arrependimento, se cala e confessa perante ao vento. A água banha seu caminho. Assim como a luz de qualquer raio que lampeje em seu coração errôneo. Pérfido. Petrificado de lamúrias. Ainda quer emergir para a vida. Ainda quer cantar, sussurrar e correr. Encontrar-se. Mas a saudade puxa forte quando a ventania sopra. Toda a vermelhidão de sua aura rubra dispara pelo ar. Este que é puro, cristalino e docemente respirado.

 Depois a espada finca a razão e suas memórias cobram, puxam e incendeiam. Se ao menos pudesse mudar. Transformar o seu caminho, suas escolhas condenadas no passado. E o ombro de uma nova amiga traz a esperança de se redimir, não mais se culpar. Porque o sofrimento somente veio, pois deixou que as correntes da torre se quebrassem muito tarde.

 Agora queria que a lágrima viesse e inundasse sua existência. Agora queria arder até que a dor não mais a consumisse. Agora. Porque o passado já foi. E quem se foi nunca volta. E a deusa disse isto muito antes, tentou fazê-la entender e não esquece. Porque o que fazemos com os segundos contarão sim no final. E deixa contaminar-se com a festa que ele desejaria que fizesse. Porque o dia que vive agora é o de sua inesquecível canção. 

Vai sim seguir seus passos. Vai sim tentar alcançá-lo de alguma forma. Vai sussurrar a música que embalava seu sono. E jamais se perdoará por deixar a flores sufocarem sua face. E depois? Vai embora. O sofrimento. Já não suporta mais as quartas singelas. Precisa do seu vermelho de volta. Precisa perdi perdão. Precisa que o branco das suas roupas não se cubra de sangue. Quer curar sua cabeça em chamas.

 Voltar. Regressar. Soprar. Para todos os cantos gritar. Exclamar bem alto que seu abandono e suas palavras não ditas tornaram-se culpa. Sim. Condenada. Pois não há nada mais a fazer. Só lamentos, culpa e a danação de ser quem é. De carregar em seu sangue as palavras. 

E que venha a canção. Pois vai chorar. Pois vai chorar até que do seu lado esteja. Ainda que demore. Ainda que machuque. Ainda que a estrada seja longa. Ainda que já não esteja mais em seu trono reluzente de vontades. Ainda que a voz daqueles outros seres, um dia tão próximos, nunca mais seja ouvida. Somente quer realizar o que pediu. Quer cumprir. E tudo se torna vazio quando não mais se respira. Gélido. Oco. Coberto de flores que sufocavam sua respiração. Enquanto a terra cobria sua cama de madeira. Enquanto jazia embaixo da terra que pediu para não ficar.

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