domingo, 8 de julho de 2012

Dois

 Pisa e flameja. Depois das seletas procuras. A manhã sorve os encantos. Relata dores. Sopra cantos de enormes lamúrias. E as lágrimas vieram. Há muito tempo derramadas. Agora de volta. Por um dia. Em um único dia. E isto tem força em seu coração. Porque foi em outro tempo. Foi na época da renovação. E sabe a importância. Sempre soube.
 Não há mazela maior do que a súplica do primeiro amor. Outros virão. Pois o primeiro é somente a porta para os próximos. Mas há um quê de especial naquela primeira sensação. Nas descobertas. Nas novas sensações. E já viveu tantas outras histórias. Ainda assim. Com tudo mudado. Com seu mundo errôneo e desfigurado, sente na neblina da noite a maior certeza de todas.
  Só existe um grande amor na vida. Depois? O nada. E o tudo. E os outros. As novas. Paixões. Secretas ou não. Gritadas ao vento ou não. Envenenadas, sonhadas, construídas, apresentadas. Na névoa, no novo palpitar. Nos olhares trocados. Com a pupila dilatada. Sim. Seus olhos imensos ainda devoram o mundo com um piscar.
  Guarda a lembrança, segura o presente, porque já amanheceu. Os pássaros entoaram suas canções. E os sinos tocaram e não foram por ti.

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