sábado, 9 de junho de 2012

Para mais



 É no caos da madrugada que as serpentes flamejantes propõem o desvanecer relutante. São apenas chagas, exclama. São apenas palavras, gritam outros. Um pouco mais da gota impura de suor dos inoportunos e o amanhã jamais virá.
 O tilintar. O rejuvenescer. O correr para o abraço mais profundo e delicioso. E foi neste cálice, naquela torre, que saboreou uma conquista reveladora. Foi do pranto. Foi da música. Foi do sangue. Expeliu da alma a cristalina verdade e já não soube mais apagá-la com o fogo do inconsciente. O palpitar garantiu. O sorriso desmanchou. A lágrima correu. O ódio secou.
 O outro. Ser. A nova. Verdade. A cruel calamidade de pertencer ao agora resplandecente. São outras. São muitas. E as faces rondam sem querer saber qual será a próxima rodada. Elas imprimem sepulturas. Retornam das tumbas e arrastam para todos os cantos memórias. Sorvidas. Absorvidas. Condenadas. Possuídas. Difamadas. Recalcadas. Acidentadas. Alegradas. Comemoradas. Cantaroladas. Infinitas.
 Respira novamente. Sucumbe. Suspira. Respira. Sucumbe. Volta. Retorna. Regressa. Ilude. Secreta chama inapagável. Amarga doçura. Esplendor candente. Vacilos imprudentes. Cantos claros em véspera de suicídio. Alucinações em dias ensolarados. Noites suaves em tempos frios. Novos. Pequenos. Enormes olhares. Viu. Chegou. E viu. Espanto. Encanto. Sílabas. Sussurros. Sílabas. Repetições sim. Da eternidade. Expulsa em lábios que clamam para o novo dia. Para mais um dia de primavera.

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