sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Colina

  Leal amanhecer surge. Canto longe. Música farta. O nada. Celebrado em tudo. Por isso, recortado em insana melodia. Vem do som da perda da razão, mais do que nunca vem dele. Em seu sorriso festejado viu chamas torturantes de uma melancolia sufocante, entre mares e nuvens. Azuis. Sempre azuis. A cor, a reação, a cintilante certeza de que há um irreal cinza. Está presa a irrelevante tonalidade do céu dentro do coração rasgado na sepultura em que nasceu.
  A letal lembrança do escorrer de marcas conflituosas imersas em neblina translúcida. Mortal. Surreal. Estraçalhada em pranto infiel. Partiu. De uma fuga para a outra enxergou olhos cruelmente doces, mergulhados em sal e memórias. Num golpe relutante caçou mais uma lágrima sucumbida em lembranças estilhaçadas. Corte. Oceano. Vendaval. Ar. Puro ar.
  A respiração ofegante não veio da fumaça. Foi na dança de rodopios que se perdeu. A vinda de um retorno inesperado. Com lanças sepulcrais inflamadas de ira. Perversa chama diluída em água, veio e fincou a conquista de um alvorecer ressuscitador. Agarra com as forças do ventre as brumas envoltas em sua alma.
  Ela. Inspiração. Conta os segundos e delata sensações. Colhe misérias entrelaçadas em míseros segundos relevantes. A importância real. O surreal preenchido de imaginário. Transcorrido em expurgação mental na busca de uma enfermidade inexistente. Procura firmemente a explicação concreta de seu passado. Tantos. Gritos. Corte. Mais um. Berros na madrugada anestesiada. Dormem. Vem o mar. Outra vez. Impactante sussurro para um despertar furioso.
  Escapa do inferno algoz de metáforas e encantos perdidos. Vem o suspiro. Outro gole. Do inconsciente apagado. Ponto. Final. Reticente. Ardor renegado. Em mágoa não perdoada. Até o fim. No seu sangue. Jamais partirá. Nunca irão embora. Presentes permanecem dentro de si. Pulsando no corpo.
  A menina da janela. Em segredos revelados. Não mais em rimas de amor. E sim em verdades. Finda promessas. Já quebrou todas. Recobra o outrora adormecido. O tempo. Na recordação. Não termina. Revive. Um jaz. Outra não deixa em paz. E os murmúrios das injustiças. A fraternidade que há tão somente na ilusão. Confusa. Lenta. Volta. A realidade. Ao dia. Chegou, ele. E estilhaçada regressa a ser.


Nenhum comentário:

Postar um comentário