quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Gosto


  Hedonista sim. Coberta de falhas e melancolias desnecessárias. Agora, vislumbra uma saída. Enfim livre. De qualquer dor ou perdição. Conhece a capacidade existente em seu coração. Em prantos da madrugada jurou para si mesma que jamais repetiria a ação de outrora. Em profunda e pequena desgraça recompôs a face risonha. 
  Reconstruiu a alma em pedaços. Soube. Renegou. Flutuou nas descobertas. Cresceu em mentiras sinceras. Lutou para apagar determinismos. Fugiu para separar-se da realidade sombria de seus dias. Anoiteceu o coração descompassado. Assassinou o despudor acelerado. Calou-se. Rompeu-se. Dilacerou-se. Renasceu na madrugada coberta pela fumaça despercebida.
   Veio o vento. Com ele a salvação. Embriagada outra vez regressou ao estado lamentável das dúvidas. Que logo se apagaram quando abriu os olhos. Tensos. Lúgubres. Taciturnos. Sozinhos. Suspirou. Era hora de levantar-se para a realidade. A fantasia acaba quando se partem laços.
    Correu. Cedeu. Vibrou. Sabia que nada era capaz de detê-la. Sentou-se à beira mar, livros atirados a sua volta. Chorou. Respirou profundamente. Abandonou. E espera. Somente. Tão somente espera. Que na maior dor perdida e sincera venha o eterno jubilo de saber quem é, na perdição das horas insensatas.

Um comentário:

  1. Acho fascinante essa sua relação com o vento. Percebo em seus textos que ele sempre aparece como um elemento de acalanto, de carinho, de 'salvação' como você diz. Do pouco que te conheço já constatei que é verdade, e que de se forma, você se parece com ele. Talvez o movimento do seu cabelo também mostre isso, não sei. Mas toda vez que o vento sopra forte, lembro instantaneamente de você.

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