terça-feira, 5 de abril de 2011

Fim de tarde

   Correndo. A inspiração chega e abandono tudo. Sem ar. Repleta de lembranças. Com sussurros na memória. Sensações. Sentimentos que aumentam e transfiguram-se. Todos os dias. Olhos que queimam o corpo. Basta um olhar e a razão falha.
   Ecoam-se gemidos no ouvido. O coração dispara. Sou levada ao momento outra vez. Repetidamente. A respiração ofegante faz crescer ainda mais as emoções. O gosto do beijo continua nítido. A suave pele. Uma tarde que voa. E que passa sem se notar. O tempo. Mais uma vez. Infiel, ele não pára. Foge. As horas. Despercebidas.
    A voz. Doce melodia. Toma conta de mim. Possui a minha alma em delírios. As vibrações incessantes. O delicioso perfume. O abismo tempestuoso de uma concupiscência desmedida. Não há controle. Não há. São só vontades que dominam e incendeiam cada minuto. Cada certeza abandonada. Cada toque. A leveza de ter. Posse. É o que guia. O desejo. As tortuosas voltas. Um labirinto duvidoso.
     Agora, retorno. Corro. De novo. Tentando encontrar a concentração. Sabendo, no entanto, que o inesquecível é inevitável. O regresso também. Por isso, sem aflição espero. Para o reencontro dos lábios apaixonados. Para a doçura infindável. Para viver tudo que for para ser vivido.

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